quinta-feira, 23 de setembro de 2010

    O Último Show Dos
            Mamonas Assassinas
                           Pouco antes de nos deixarem, fizeram Brasília dançar      

                                   

                                  

A fuzarca no palco, armado no estádio Mané Garrincha em Brasília era infernal.Os cinco integrantes do grupo Mamonas Assassinas estavam mais encapetados do que nunca.Seria o último show da turnê brasileira da banda, que foi o maior sucesso musical de 1995 com mais de 2.700.000 discos vendidos e 200 shows por todo o país.Vestido de coelho, o vocalista Alecssander Alves, o Dinho, cantou Sabão Crá-Crá, Cabeça de Bagre II, entre outros hits, levando a multidão de quase 6000 pessoas ao delírio.










A farra na platéia e no palco durou os 70 minutos do show.Vestidos de irmãos metralha Bento Hinoto, um nissei com cabelos rastafári, Júlio Rasec, de cabelos vermelhos, e os irmãos Samuel e Sérgio Reoli, acompanhavam Dinho e resolveram incluir no show a música Xô Satanás, do grupo baiano Asa de Águia."Esse aí vai pra Portugal, não sei se volta", provocava o líder, se referindo a viagem que o grupo faria ao país para divulgar o disco.Depois , o quinteto teria férias antes de entrar no estudio para gravar o seu segundo disco.O megahit Pelados em Santos, tambem conhecido como melô da brasília amarela, encerrou o show.Mas eles não deixaram o palco."Vamos ficar escondidos aqui atrás porque vocês vão pedir bis mesmo", provocou Dinho, que terminou a noite cantando a música Vira-Vira.Depois de um "tchau Brasília", seguiram para o aeroporto.A cozinheira Naja Brito os esperava com estrogonofe e batata frita.Eles chegaram tão famintos, que o tecladista Júlio entrou no avião, abriu uma embalagem e decretou antes de devorar tudo:"Gente, isso aqui tá tão bão que eu não vou esperar o avião subir".Naja lembra a cena comovida:"Dizem que quando alguem está prestes a morrer fica triste.Eles estavam tão alegres e não davam nem sinal nenhum de que pressentissem algo ruim".
                        algums fatos estranhos

Uma das mais impressionantes foi a declaração de Júlio Rasec , tecladista do grupo , que em companhia de seu amigo e cabeleireiro Nelson da Silva Lima, declarou que tinha tido um sonho que um avião caia, tudo aconteceu numa sexta feira um dia antes do acidente que vitimou os Mamonas, como era de costume a conversa foi gravada em vídeo, o dialogo recheado de brincadeiras,é interrompido por uma expressão de preocupação do músico, após uma piada ele vira de costas para a câmera, e volta novamente e diz:"Não sei...Esta noite sonhei com um negocio assim...parece que o avião caia...não sei...",dizia Júlio com a mão na cabeça e diante o fato o seu amigo falou que iria rezar por ele.Durante o resto do dia Júlio demonstrava um certo desânimo, justificado por uma suposta dor de garganta.


Em uma outra interpretação mística da tragédia, o triste fim dos Mamonas Assassinas estava escrito.Não no tal livro do destino, mas nas páginas do jornal Folha da Tarde de 25 de dezembro de 1995.A previsão era da vidente Mãe Dinah, que garante que tinha visto uma espécie de manto negro sobre os músicos desde a primeira vez em que assistiu ao grupo pela televisão."a alegria deles nunca me contagiaram completamente, pois sabia que o final estava se aproximando.A cada dia aquele manto cobria mais os meninos"- conta a vidente.Para entender melhor o que é o tal manto, Mãe Dinah o compara a um creme para bolo deixado fora da geladeira."É como se o creme começasse a derreter lentamente sobre a pessoa.Quanto mais próximo do dia, mais a pessoa ficava coberta"-explica, lamentando enxergar e não poder fazer nada para evitar.

Outro fato estranho também aconteceu com o batera do grupo, o Sérgio Reoli , que em uma conversa pelo telefone com a sua namorada, Cláudia entrou numa crise de choro sem motivo aparente."Ele dizia que isso havia acontecido várias vezes durante a semana do acidente, dizia que tinha algo de errado e se perguntava o por que de tudo isso se referindo a fama",afirma Cláudia.E no sábado antes de viajar para Brasília Sérgio que nunca tinha se sentado na frente de um piano, sentou-se e tocou para os pais."Fiquei impressionada ele nunca teve aulas de piano e nem no próprio grupo costumava tocar",-conta dona Dimarice, mãe de Sérgio.

Na família de Dinho também acontecem fatos estranhos, segundo Iranilde Ramos Ribeiro tia de Dinho todo ano terminado em 6 é trágico na família," em 66, nossa família chegou do interior e passou fome, dez anos depois perdi um filho durante a gravidez, divorciei e minha filha operou a coluna, em 86, morreram meu pai, minha mãe, um tio e um cunhado, em menos de quatro meses, e agora perdi o Dinho e o Isaac, meus sobrinhos", lamentou a tia de Dinho.Que no ano novo de 96 dona Iranilde pediu que Deus fosse misericordioso com a família, mas o ano mal começou e essa tragédia já aconteceu.

E no último Show dos Mamonas em Brasília também ocorreu um fato estranho, no camarim antes de começar o show, Dinho havia feito um brinde com uma coca-cola ele dizia:"Vamos comemorar, vai ser o nosso último show".Dinho se referia ao final da turnê, sem querer estava sendo tragicamente profético.Um outro fato que ocorreu no show foi no final do show , os cinco integrantes do grupo bateram continência (gesto que os militares fazem aos seus capitães)ao público presente , coisa que eles nunca haviam feito em lugar nenhum.

E fatos estranhos também aconteceram com a filha do piloto do avião que vitimou o grupo, segundo a sua tia Fernanda, a pequena Beatriz de 3 anos , no começo de dezembro de 95 pediu a ela um aviãozinho de presente."Dei um bem bonito no dia 23 de dezembro quando ela faz aniversário",explicou Fernanda.Segundo ela a criança sempre brincava com o avião quando seu pai viajava,e duas semanas antes da tragédia que matou o piloto e os Mamonas, a pequena Beatriz deixou o avião de brinquedo cair no chão e falou que seu pai iria morrer num acidente."Numa tarde quando eu estava na cozinha , a Beatriz veio em minha direção e mostrou o avião no chão e falou que o pai estava morto dentro dele"- afirma a tia que disse que ficou assustada com o fato.

Alem de todos estes fatos ainda existem mais dois fatos estranhos, quando o grupo Mamonas ainda não existia e sim o primeiro grupo deles o então Utopia,duas músicas parecem que previam que o fim chegaria, na letra da música "do outro lado da vida" um trecho da música dizia:
A mata fechada no Parque Estadual da Serra da Cantareira, zona norte de São Paulo, dificultou a visão da tragédia.Na pequena clareira formada com a queda do avião Lear Jet 25, prefixo PT-LSD da empresa Madri Táxi Aéreo, pedaços de fuselagem se confundiam com os figurinos de show, objetos e corpos de 9 pessoas, entre as quais os cinco integrantes do meteórico e irreverente grupo Mamonas Assassinas.No sábado à noite, dia 2 de março, o vocalista Alecssander Alves, o Dinho (24), o guitarrista Alberto Hinoto, o Bento (25), o tecladista Júlio Rasec (27), e os irmãos Sérgio(26) e Samuel(22) fizeram um show em Brasília e voltavam para São Paulo, porque no dia seguinte iriam viajar para Portugal.Por Motivos ainda ignorados, o piloto Jorge Luiz Germano Martins(30) e o co-piloto Alberto Takeda(25) não conseguiram pousar, como era previsto, no aeroporto Internacional de Guarulhos."O Dinho me ligou do avião e pediu que eu fosse buscá-lo no aeroporto.Ele estava cansado, mas como sempre fazia as suas brincadeiras",relembra a namorada Váleria, que antes da meia-noite soube da queda do avião,que se chocou em um morro, onde funciona a Pedreira Cachoeira.Equipes dos Bombeiros e policiais do comando de operações especiais chegaram ao local pela manhã, quando começou o resgate dos corpos.A dificuldade de acesso ao local, um vão de cem metros de profundidade que só podia ser alcançado por uma trilha de três quilômetros e escaladas com cordas, obrigou que as vítimas , entre elas o segurança do grupo, Sérgio Saturnino Porto(30) e o assistente de palco, Isaac Souto(23)primo de Dinho , fossem resgatadas de helicóptero.Na pedreira, fãs,familiares e policiais aguardavam noticias.Ao se chocar com o morro, o avião explodiu e esfacelou-se em muitos pedaços.A esperança de encontrar sobreviventes resistiu até o momento da localização do último corpo, era o fim do grupo Mamonas Assassinas , o cometa da alegria.  











Os cinco rapazes tinham motivos para estar felizes.Garotos de classe média de Guarulhos, no último ano experimentaram um sucesso inimaginável no tempo em que faziam covers dos Titãs e do Legião Urbana e tinham um conjunto chamado Utopia.Nessa época, chegaram até gravar um disco batizado de O Outro Lado , que segundo Dinho não vendeu mais de 50 cópias.A fama meteórica veio acompanhada da irreverência e de uma linguagem simples e alegre, que fascinou crianças e adolescentes.Os Mamonas eram um fenômeno politicamente incorreto.Eles debochavam de nordestinos e portugueses e tinham as suas musicas vendidas em fitas piratas por 4 reais nos camelos das grandes cidades."Foi uma banda que surgiu sem qualquer armação, e sim com brilho e dignidade", dizia o produtor Cleber Luz."Eles conquistaram o Brasil.Houve um mês que eles venderam 50.000 cópias por dia",afirma o empresário Ricky Bonadio, que os apresentou ao gerente da gravadora EMI ODEON.Na ocasião, ele perguntou quantas músicas a banda tinha prontas e Dinho mentiu dizendo que eram vinte.Só que tinham só cinco e em dez dias eles compuseram as quinze que faltavam.
 A incrível disposição para o trabalho era a outra característica dos Mamonas.Nos últimos meses, eles chegaram a fazer três shows por dia, cortando o país de ponta a ponta em aviões.A viagem de volta de Brasília para São Paulo no Lear Jet seria apenas mais uma.No meio do vôo Dinho sacou o telefone celular e ligou para sua namorada Valéria Zoppello(22) pedindo que fosse busca-lo no aeroporto de Cumbica.Valéria foi correndo e acabou sendo uma das primeiras pessoas a saber do acidente.Às 23h45 da noite de sábado, a torre de comando recebeu a informação que uma aeronave havia caído na Serra da Cantareira, próximo a cidade de Mairiporã.Foi uma terrivel angustia até o raiar do dia, quando a namorada se juntou com as equipes de resgate e seguiu até o lugar do acidente.Ficou lá até encontrar o tênis de Dinho."Ele sempre sonhou com o sucesso e estava cheio de planos para o segundo disco.Ele não está bem porque sabe que estamos sofrendo muito.Tento me controlar um pouco.Ele era muito alegre e merece que lembremos dele com muito carinho e como um anjo alegre e maroto.Tenho certeza do nosso amor",confessou Váleria."É difícil acreditar que todos os nossos sonhos se foram.Íamos viajar para Aspen e tinhamos planos de nos casar no final do ano.O Dinho adorava crianças e queria ter logo um filho para que ele conhecesse o seu sucesso".Daniela Albuquerque(20), namorada de Samuel a cinco meses, abraçada a amiga Váleria e muito emocionada, pedia que a amiga ficasse junto com ela."Precisamos ficar todas juntas neste momento, estamos desoladas".
 O choque para a família dos músicos também foi tremendo.Na tarde de domingo, enquanto os garotos eram examinados no Instituto Médico Legal de São Paulo, em Guarulhos na casa de Dinho cerca de 80 pessoas estavam reunidas para fazer orações com o pastor Enus Vieira Santana.A mãe de Dinho, Célia(48) é evangélica e o pai, Hidelbrando(52),a acompanhava inconsolável.No natal, eles haviam ganhado um filho famoso um sobrado amplo e confórtavel na Vila Picasso, em Guarulhos.Na casa nova também moravam o irmão Marcos(23) e a irmã Grace(17) grávida de cinco meses.O médico Mário Pestanha que atendeu a família e medicou todos com calmantes."Dinho sempre quiz aparecer.Estar no palco era a melhor coisa do mundo para ele, a gente adorava seu jeito engraçado", dizia Marleigh Leite Queiroz(32), prima do vocalista.












O velório dos músicos estava previsto para acontecer na Câmara Municipal de Guarulhos, mas foi impossível, antes mesmo da chegada dos corpos, mais de 15.000 pessoas faziam fila para entrar provocando grande tumúlto. A solução mais segura foi tranferir a cerimonia para o ginásio poliesportivo Paschoal Thomeo-aonde os Mamonas haviam feito o seu primeiro show.No centro da quadra, os caixões, cobertos com a bandeira do Brasil e a do municipio de Guarulhos foram velados por uma multidão que achava os Mamonas "legalzão" e sua "music is very good".
O sofrimento do Brasil e a da cidade de Guarulhos que parou no dia 4 de março para se despedir de seus filhos ilustres.No ginásio Paschoal Thomeo, cerca de 65 mil fãs de todas as idades passaram diante dos caixões.Alguns conseguiram furar o cerco de segurança e deixaram bilhetinhos e até jóias.Até São Pedro chorou no enterro dos Mamonas, uma chuva fina caiu sobre o Cemitério Jardim das Primaveras, em Guarulhos , entre 1h30 e 2h da tarde, nesses exatos 30 minutos foram sepultados os cinco integrantes do grupo e o segurança da banda.Segundo crendice popular, chuva durante o enterro significa que os falecidos são pessoas boas.Os seis foram enterrados no mesmo lugar, os jazigos 21 e 23 da rua 0 do cemitério.Os três caminhões dos Bombeiros com os rapazes chegaram à 1h05, com meia hora de atraso.O primeiro garoto a descer foi o do segurança Sérgio Saturnino Porto, na cova nº21.Depois foram sepultados o Bento Hinoto , e os irmãos Samuel e Sérgio Reoli, a família do guitarrista viveu os piores instantes de suas vidas. A mãe de Bento dona Toshiko, assistiu a tudo encostada numa arvóre , do outro lado o irmão Mauricio estava desorientado ao lado abraçado com a Ana Paula, namorada de Bento, o irmão fez questão que o ursinho de pelucia que Bento tanto gostava fosse preso ao caixão e alem do ursinho Bento tambem foi enterrado com a sua guitarra preta.No jazigo 23 foram enterrados o tecladista Júlio Rasec e o vocalista Dinho, que foi o mais triste pois no dia seguinte ele estaria completando 25 anos.

Após o sepultamento, os técnicos que acompanhavam a banda em todos os shows resolveram prestar a última homenagem , de mãos dadas eles entoaram o grito de guerra com que iniciavam todos os shows.Alguns tecnicos sugeriram que cantassem "Pelados em Santos" mas todos decidiram que a canção causaria muita comoção.Depois dos abraços, todos foram a Jundiaí acompanhar o enterro de mais um amigo, Isaac Souto ajudante de palco que era primo de Dinho.
A noticia do acidente rodou pelo mundo inteiro, todas as Tvs do mundo inteiro davam a noticia inclusive a rede mais famosa do mundo a CNN, na qual destacava como o grupo era amado não só no Brasil com em varios lugares do mundo, as revistas Bilboard e People tambem destacavam o grupo!
Era o "fim" do grupo musical mais querido e lembrado do país, eles deixaram muitas saudades mas mesmo assim ainda possuem os fãs que os sempre acompanhavam os shows, a febre dos Mamonas ainda não passou e eles ainda estarão sempre em nossos corações, valeu Cometa da Alegria.